Dez de janeiro, de 2010...
Domingo chuvoso, sombrio de temporal...
Perdemos Nina, nossa cachorra menina.
A dor dilacera o poeta,
mas não lhe tira a rima...
O céu chora lá fora,
choramos nós aqui dentro,
em profundo sofrimento...
Pena, fosses tão jovem
tantas flores ainda para comer...
Tantos buracos a cavar...
Tantas brincadeiras a fazer...
Quem vai lamber os meus pés,
me deixando indignada,
quando, com meus sapatos novos,
eu estiver saindo apressada?
Quem vai deitar-se na porta,
me obrigando a pular por cima,
com jeito displicente
de atrevida menina?
Quem vai ansiosamente
aguardar pelo lixeiro,
latindo tão alto e forte
que se ouvia
no bairro inteiro?
E a sua inseparável companheira,
a velha pincher Babi,
como reagirá sem você por aqui?
Ficará ainda mais rabugenta
pela saudade mordida,
mas como nós aprenderá
a curar sua ferida.
Dizem que quem tem
a chave do céu é São Pedro
e ele, sabendo da sua rebelde alegria,
acreditou que fosse útil
para acabar com a monotonia.
Os querubins andavam
meio fora de forma por lá,
meio entediados,
sem ter com o que brincar,
mas com a sua chegada
tudo isso irá mudar...
Ah, Nina! Seu olhar sempre tão terno,
sua alegria genuína...
Nunca a esqueceremos,
vá com Deus boa menina!